"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, O qual me amou e Se entregou a Si mesmo por mim." (Gl 2.20)
Não é muito difícil encontrar na família de Deus alguns membros que ainda não abriram seus corações para o Senhor entrar.
O processo de soltura do nosso ego é tão doloroso que muitos desistem mesmo de permitir-se vivê-lo e, assim, acabam aceitando uma relação superficial com Deus.
Acontece, porém, que, nos corações onde o ego habita, Deus não pode entrar. Para que isso aconteça, necessário é que o Senhor, com Suas próprias mãos, arranque o ego que nasceu conosco e era uma camada quase indissociável do nosso ser.
Dói sentir as mãos de Deus puxando esse ego, esse orgulho próprio, essa auto-suficiência de dentro de nós e lançando-o fora.
Dói em nosso corpo, em nossa mente, em nossa alma, como se nossa própria pele estivesse sendo arrancada às lascas. Dói, porque durante anos e anos foi ele quem guiou nossos instintos, atitudes e pensamentos e, de repente, entendemos que há algo melhor, Alguém mais importante que nós mesmos e sem o Qual jamais poderíamos subsistir. Portanto, é hora de sacrificar o ego, seguindo os passos de Cristo e chegando ao Calvário, mais precisamente ao alto do madeiro, como Ele chegou e onde morreu.
É hora de, calados, sofrermos afrontas e difamações; injuriados, engolirmos seco e guardarmos desaforos (sim!!!); sermos levados para desertos onde jamais ousaríamos nos imaginar voluntariamente.
É hora de perder e de deixar de receber para que a fé não seja negociada. É hora de dizer "não" quando toda a onda do mundo corre em direção a um sonoro "sim" que o levará à perdição. É hora de enfrentar aqueles sentimentos guardados, que há tanto corroem a alma e desgastam as esperanças, a paz interior, a alegria de viver. É hora de confrontar nossas motivações e restabelecer uma hierarquia para nossas prioridades.
São tarefas muito difíceis, cansativas e um tanto quanto doloridas. Jamais poderíamos enfrentar tudo isso sozinhos. Por isso, o próprio Senhor Se encarrega de nos provar, como o ourives prova a prata no fogo.
Conta, certa ilustração, que havia um grupo de mulheres num estudo bíblico sobre o livro de Malaquias e, ao chegarem no capítulo três, elas se depararam com o versículo 3 que diz: "Ele [Deus] assentar-se-á como fundidor e purificador da prata...". Este verso intrigou as mulheres, que se perguntaram incessantemente o que esta afirmação significava quanto ao caráter e natureza de Deus.
Foi quando uma das mulheres se ofereceu para tentar descobrir como se realizava o processo de refinamento da prata. Na próxima reunião, ela contaria ao grupo. Naquela semana, a mulher ligou para um ourives e marcou um horário com ele para assisti-lo em seu trabalho.
Enquanto ela o observava o homem trabalhando, constatou que ele mantinha um pedaço de prata no fogo e deixava-o aquecer. Ele explicou que no refinamento, devia-se manter a prata no meio do fogo onde as chamas eram mais quentes, de forma a queimar todas as impurezas. Então, a mulher pensou em Deus mantendo-nos em um lugar muito quente... e, em sua mente, relembrou o verso... "Ele se assenta como um fundidor e purificador da prata".
E, perguntou ao ourives se era verdade que ele tinha que sentar-se em frente ao fogo o tempo todo que a prata estivesse sendo refinada. O homem disse que sim, e que ele não apenas tinha que sentar-se lá segurando a prata, mas também deveria manter seus olhos voltados para ela o tempo que fosse necessário, pois, se a prata fosse deixada, apenas por um momento em demasia nas chamas, ela seria destruída.
A mulher silenciou por um instante. Depois, ela perguntou: "Como você sabe quando a prata está completamente refinada?". E o homem respondeu: "Oh, é fácil! - o processo está pronto quando vejo minha imagem refletida nela". (Autor Desconhecido)
Verdadeiramente, morrer com Cristo é como passar pelo fogo e, na verdade, o fazemos segurando na mão do Senhor, com Seus olhos fitos em nós e Seus cuidados incondicionais. É um processo realmente muito dolorido. Mas se não for assim, não há quebrantamento, não há contrição, não há arrependimento. Se nunca conseguirmos olhar para nós mesmos e entendermos que nosso ser era tão desprezível e errado a ponto de nunca ter merecido nada além de uma cruel morte sobre uma cruz, jamais conseguiremos também nos aproximarmos verdadeira e intimamente de Deus.
Fica na bênção........Sandro